quinta-feira, 23 de outubro de 2014

IV Jornada de Ciências Humanas e minicursos sobre Erving Goffman e Métodos Visuais


                      ERVING GOFFMAN: 
Cotidiano, Papeis Sociais e as Instituições totais.







Como explica Gastaldo (2008), a obra do Sociólogo Erving Goffman ainda é pouco trabalhada nas ciências sociais brasileira.  Essa situação está relacionada tanto ao fato da abordagem dele ser julgada como empíricista e descomprometida com o debate político, quanto por ser simplificada sob o rótulo de ser uma microsociologia focada nos papeis e interações sociais, colaborando assim para uma inserção marginal desse autor, interacionista, no âmbito da Sociologia brasileira.
 Contribuindo com essa situação marginal ocorre também o problema da falta de traduções para o português, um exemplo disso é que uma das principais obras que explica seu esquema analítico, o livro “Frame analysis: an essay on the organization of experience” lançado em 1974, foi traduzido para o português, somente em 2012. Vale ressaltar também que alguns autores como David Snow e Robert Benford, autores que tem se detido a utilização de conceitos Goffmanianos aos estudos dos movimentos sociais, também não apresentam traduções para o português, caracterizando um quadro que favorece a marginalização do autor e possibilidades de ampliação do debate sobre a abordagem sobre problemas sociais contemporâneos.
Nesse sentido, o presente minicurso visa elencar os principais aspectos da biografia e da abordagem microssociológica de Erving Goffman, buscando demonstra lá por meio de categorias como: Cotidiano, papeis Sociais, Instituições totais entre outras.  Para tanto, lançamos mão de um conjunto de comentadores, de trechos da obra “Manicômios, prisões e conventos” e de um exemplo de pesquisa de viés Goffmaniano.   Como objetivo, o presente minicurso visa estimular o exercício de problematização sociológica sobre o cotidiano e instituições tais como: universidades, quartéis, prisões etc., atentando para as dinâmicas sociais que constituem as mesmas, processos institucionais, relação com a sociedade, experiência de vida e construções de papeis sociais.  As atividades serão desenvolvidas por meio de exposições dialogadas, debates e exibição de filmes.

Palavras chave: Cotidiano, Papeis Sociais, Instituições.

Número de participantes: mínimo- 5    Máximo - 20

Carga horária: 8h


Referência Bibliográfica




SILVA, Agnaldo José. A construção da Identidade Policial Militar. In: Praça Velho: socialialização, representações e práticas policiais militares. Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2012. V. 1000. 124p.

Bibliografia Complementar

De LUCCA, D. . Goffman e as mortes da vida social. Plural (USP), v. 16, p. 189-194, 2009.

Local: CSST- UFMA, na IV  Jornada de Ciências Humanas. 






 Métodos Visuais e estudos do Cotidiano



Embora haja uma histórica marginalização do uso da Imagem na Antropologia e na Sociologia - ao mesmo tempo em que a Fotografia não utiliza efetivamente as contribuições destas - há defesas sérias de que ambos lados estão numa área de fronteira e podem se complementar sem perder sua singularidade, pois trata-se de diferentes meios de apreender uma única realidade (SAMAIN, 1995). Os processos sociais possuem uma teatralidade impregnada no cotidiano, na Sociologia a visualidade desses processos é inevitável. Embora isso não torne, por outro lado, tais processos fotografáveis nem coloque a câmera fotográfica como um meio fiel de reprodução de informações sociológicas e antropológicas sem limitações. Ainda assim tais ciências podem dialogar com a fotografia a partir do momento em que seus limites e possibilidades são clarificados, pois se os métodos visuais não contribuem inteiramente para a observação o fará para a indagação (MARTINS, 2008). Com observações, tanto a microssociologia como a Antropologia Visual podem apropriar-se da imagem como meio, não de se chegar ao real, mas ao menos de contemplar seus quadros interpretativos e as lógicas do cotidiano. A fotografia não congela um momento, não mostra o que efetivamente está lá, mas aponta para uma interpretação da realidade. Ela não é um congelamento, é uma visão, ao mesmo tempo em que o cotidiano é acumulo de aparentes trivialidades, que tecem episódios maiores das relações sociais. O presente minicurso visa, portanto, elencar os principais aspectos da biografia e da abordagem microssociológica de Erving Goffman sobre os estudos da vida cotidiana utilizando análises e métodos visuais. Por outro lado busca problematizar a imagem como fonte de pesquisa, capaz de fornecer elementos para o entendimento das relações da vida cotidiana apontando as especificidades desse método dentro das Ciências Sociais. A metodologia consiste em aula expositiva dialogada, análise de imagens, atividade prática com fotografia e a discussão do documentário “Jean Rouch: subvertendo fronteiras” onde é possível perceber que o cineasta e antropólogo aponta não com sua teoria, mas com sua práxis, a possibilidade de diálogo entre a visualidade e a oralidade. Busca-se, então, a partir do documentário e demais meios, facilitar o entendimento dos conceitos goffmanianos, relacionando-os aos métodos desde os utilizados por Malinowski às novas formulações dos métodos visuais.

Palavras chave: Métodos Visuais - Vida Cotidiana – Erving Goffman –– Microssociologia – Antropologia Visual.

Bibliografia para consulta
MARTINS, José de Souza. A fotografia e a vida cotidiana: ocultações e revelações. In: Sociologia da fotografia e da imagem. São Paulo, Contexto, 2008.
De LUCCA, D. . Goffman e as mortes da vida social. Plural (USP), v. 16, p. 189-194, 2009.
GASTALDO, Édison Gastaldo. Goffman e as relações de poder na vida cotidiana. Rev. bras. Ci. Soc. [online]. 2008, vol.23, n.68 [cited 2014-08-23], pp. 149-153
NUNES, João Arriscado. Erving Goffman, a Análise de Quadros e a Sociologia da Vida Quotidiana. Revista crítica de Ciências Sociais, Coimbra : Jun. 1993 p 33-49
SAMAIN. Etienne. “Ver” e “dizer” na tradição etnográfica: Bronislaw Malinowski e a fotografia”. In: Porto Alegre: Horizontes Antropológicos, v.1, n.2, jul./set. Porto Alegre: UFRGS, 1995. p.23-60
GOFFMAN, Erving. La Ritualización de la feminidad. In: GOFFMAN, Ken (Org.). Los Momentos y sus Hombres. Barcelona: Península, 1991. p. 135-168


Local: CSST- UFMA, na IV  Jornada de Ciências Humanas. 

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