sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Desenvolvimento e educação na América Latina.

por: Luciana Pereira da Silva*



No primeiro capítulo, Saviani discute as origens do grupo HISTEDBR e o seu envolvimento nesta criação da organização, que foi baseada num interesse comum em examinar a história da educação na perspectiva marxista e dialética. Ele também explica o porquê de um grupo de pesquisadores da história da educação escolherem como tema para o seminário as relações entre capitalismo, trabalho e educação. Em sua justificativa, refere-se a Althusser para demonstrar que o capital deve ser entendido para ter uma interpretação radical da história contemporânea, incluindo a história da educação. Isto é particularmente relevante, cita, por causa da evidência de que os mercados globais não estão cumprindo suas promessas de distribuir riqueza e estimular desenvolvimento para todas as classes e grupos sociais. A principal tendência que ele encontra é o ciclo deliberado dos períodos do crescimento econômico e recessão para interromper as capacidades dos trabalhadores por pressão da mudança econômica.


Na parte II, intitulado “Capitalismo, Trabalho e Educação”, Lanni pondera o papel do indivíduo como cidadão resultante das transformações atuais do mundo. Sugere que a mudança trazida pela globalização tem criado um novo cidadão que não é só nacional, mas também global, e que a mídia é uma instituição importante para desafiar poderes dominantes como as corporações. Lanni conclui que o neoliberalismo não tem o completo controle desta nova situação, e que o emergente “cidadão global” tem o potencial de reformar a sociedade. Antunes, no segundo capítulo, foca as disparidades econômicas e a exclusão difundida, criada pela forma atual do capitalismo global, representada por conceitos como a “qualidade total”. Ele afirma que este estado é evidente no “consumo destrutivo e supérfluo” das classes ricas, as quais têm conduzido às lutas retomadas pelos trabalhadores e grupos marginalizados por este sistema, num esforço de demonstrar a desigualdade e a injustiça da sociedade contemporânea.


Gentili discute no terceiro capítulo, que as promessas da teoria do capital humano, como sendo a educação superior mais importante para o sucesso no mercado de trabalho e que promoveria um maior desenvolvimento nacional, não tem sido cumpridas no Brasil, nem nos outros países latino-americanos. Em vez disso, as pessoas destas regiões têm se tornado “mais pobres e mais educadas.” Ele discute que a educação, no sistema econômico atual, é concebida como uma escolha individual em vez de um direito, e que a promessa de muitos empregos tem sido substituída por uma escolha própria e a promessa de “empregabilidade.” Gentili enfatiza que a desigualdade dos sistemas escolares na América Latina é o principal fator: “‘Educados’ num sistema escolar pulverizado e segmentado, coabitados por circuitos educacionais de oportunidades e qualidades diversas; oportunidades e qualidades que mudam conforme a condição social dos assuntos e os recursos econômicos que eles têm para acessar a privilegiada esfera dos direitos da cidadania” (p.59). No capítulo final desta seção, Frigotto discute a relação entre o assunto e as estruturas, enfatizando o potencial da organização humana. O papel da educação na ideologia capitalista atual, expressado pelo conceito de empregabilidade, é produzir um “cidadão mínimo” carente de capacidades cívicas. Ele discute que o capitalismo é destrutivo e precisa ser substituído por um sistema mais humano.


A parte III apresenta três capítulos sobre o tema “Capitalismo, Trabalho e Educação no Brasil.” No primeiro capítulo, Kuenzer examina o efeito do estado neoliberal e a globalização da economia na relação entre trabalho e educação, para guiar a construção de uma pedagogia para a emancipação humana. Ele discute que a “pedagogia toyotista” tem sido introduzida nas escolas e que é baseada em adquirir competências cognitivas que valorizam o capital e a produção de trabalhadores flexíveis. No capítulo seguinte, Ferretti discute como atuadores diferentes sujeitos sociais particularmente sindicatos, educadores e empregadores, têm entendido os desafios feitos pela educação no Brasil nos últimos anos. Ele critica as políticas educacionais nos anos 90 implementadas pelo governo Brasileiro e organizações internacionais, tais como o Banco Mundial. Ele conclui que, referente ao neoliberalismo, “o perigo consiste na possibilidade de que o conteúdo da educação geral seja convenientemente ‘adequado’ às necessidades futuras da formação técnico-profissional...” (p. 117). No terceiro capítulo, Ciavatta examina o mundo do trabalho usando fotografias como lentes para reconstruir as vidas dos trabalhadores das fábricas. Para fazer uma crítica ao efeito que o capitalismo avançado teve no trabalho e na educação, Ciavatta introduz o conceito da “escola do trabalho”, uma medida histórica do mundo do trabalho que “deve ser entendida como um processo social complexo, um ato humano, um movimento de idéias e ações que acompanham a introdução do trabalho na escola como um princípio educativo” (p. 126).


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Referência:


SAVIANI, Demerval et al. Desenvolvimento e educação na América Latina. São Paulo: Cortez, 1997.




1 Fichamento apresentado à disciplina de LECS para avaliação
* LucianaPereira da Silva (Lattes)

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