Por: Maron Sepetimio Ramos Neto e
Twaiwanderson Sousa da Silva*
Sendo um dos principais expoentes da
antropologia funcionalista, Malinowski defendeu que, todos os elementos de uma
dada cultura – crenças, rituais, objetos e costumes – dispõe de funções e
sentidos específicos dentro do sistema cultural em que se fazem
presentes.
Na obra: Os argonautas do pacífico ocidental,
publicada em 1922, Malinowski descreve, de forma objetiva, esse sistema
cultural. Onde, segundo Laplantine (2003), cada pessoa possui um conjunto de
precisões, cabendo à cultura, desenvolver diferentes maneiras de resolver as
próprias necessidades, de forma coletiva, através das instituições.
Na concepção de Malinowski, a sociedade é
retratada como um corpo, que contém: um esqueleto, sendo este, a constituição
tribal e os temas culturais,possuindo também, carne e sangue, representados na
forma de dados da vida cotidiana e do comportamento comum, e por fim, o
espírito – visões, opiniões e as expressões dos nativos.
Ainda nesse sentido, conforme
descrevem Eriksen e Nielsen (2010),a respeito do funcionalismo de Malinowski,
conhecido como biopsicológico,“as instituições sociais têm como função,
satisfazer as necessidades biológicas dos indivíduos”. Logo, todas partes da
sociedade, observadas por Malinowski, (esqueleto, carne, sangue e espírito)
quando juntas, equivalem a uma “anatomia sociocultural” do espaço, sendo esta,
o sustentáculo da vida tribal.
Colocando-se no papel do
leitor, Malinowski teve a preocupação de fazer com que nenhuma informação
proveniente da análise da sociedade trobriand, emergissem de forma obscura.
Para isso, pesquisou sobre a vida cotidiana dos nativos, utilizando de três fundamentos:
- Guiar-se por objetivos verdadeiramente científicos e conhecer as normas e critérios da etnografia moderna;
- Providenciar boas condições para seu trabalho, o que significa em termos gerais, viver efetivamente entre os nativos, longe de outros homens brancos – Pois estes, no parecer do autor, são “mentes destreinadas” pouco acostumada a formularem seus pensamentos com algum grau de consistência e precisão;
- Recorrer a um certo número de métodos especiais de recolha, manipulando e registrando as suas provas – tabelas e cartas sinópticas.
A partir desses
fundamentos, podem ser observados os alicerces do fazer antropológico de
Malinowski, destacando, sobretudo, a importância do segundo fundamento,
considerado por ele, elementar para a pesquisa de campo. Em certo trecho da
obra, o autor destaca: “o etnógrafo não tem apenas de lançar as redes no local
certo e esperar que algo caia nelas. Tem de ser um caçador ativo e conduzir
para lá a sua presa e segui-la até aos esconderijos mais inacessíveis”.
Dessa forma, torna-se
visível o conceito de observação participante, metodologia que busca o
aperfeiçoamento do trabalho de campo, onde o observador convive com a
coletividade por ele estudada (o “outro”) estando inserido em todas as atividades
do dia a dia, no intuito de absorver toda a complexidade cultural da tribo.
Tal conceito
torna-se imprescindível para atividade em campo, pois, segundo Malinowski:
“existem vários fenômenos de grande importância, que não podem ser recolhidos
através de questionários ou de análise de documentos, mas, que tem de ser
observados em pleno funcionamento. Chamemos-lhes os de imponderabilia da vida
real”. Vale ressaltar que, para o autor, alguns traços íntimos (pormenores) da
vida nativa, só são possíveis de serem identificados, após um contato
prolongado com os mesmos.
O autor ainda
afirma que, faz parte do papel do etnógrafo, dar o seu melhor, no processo de
“compreender a consciência do “outro”, entendendo a cultura e visão de mundo de
uma determinada sociedade, a partir da ótica destes. Isso é, em essência, o
método etnográfico, e Malinowski foi pioneiro nisso.
Por fim, ainda é
possível observar o funcionalismo de Malinowski no campo da antropologia
visual. Onde o autor, espera que os registros visuais possam estabelecer
relações, inter-relações, oposições de toda ordem. Para tanto, trabalhou com
conjunto de fotografias, agrupando-as e tornando-as instrumentos necessários em
suas obras, não apenas para ilustração, mas também como complemento para a
compreensão da parte escrita de seus trabalhos;
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*Graduando em Comunicação Social – Jornalismo, na Universidade Federal
do Maranhão
Referências Bibliográficas
EVERYTHING2 BRONISLAW MALINOWSKI (PERSON), Disponível em: <http://everything2.com/title/Bronislaw+Malinowski>.
Acesso em 13 Setembro 2015.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense,
2003.
ERIKSEN, Thomas Hylland; NIELSEN, Finn Sivert. História da Antropologia.
Petrópolis/RJ: Vozes, 2010.
SAMAIN, Etienne. “Ver” e “Dizer” na tradição etnografia: Bronislaw
Malinowski e a fotografia. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 1, n.
2, p. 23-60, jul./set. 1995
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