sábado, 21 de agosto de 2010

REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO


 Por : Jesus Marmanillo Pereira

No primeiro capitulo, de modo geral, Émile Durkhein explica como se configura  o objeto da sociologia.Para isso, discorre sobre a diferença que há entre o fato  social visto por outras áreas e o percebido pela sociologia. Nesse sentido, explica que, escapando a quaisquer generalidades a Sociologia deve analisar os fatos sociais e caracterizá-los por três aspectos fundamentais localizados na relação entre indivíduos e grupo, são esses, a externalidade, coercitividade e generalidade.

Émile Durkheim exemplifica e caracteriza o fato social através de dois aspectos  específicos, aqueles cristalizados em crenças e práticas constituídas (regras jurídicas, sistemas lingüísticos, financeiros etc..) e outros chamados de correntes sociais, cuja expressão não possui forma cristalizada e/ou regular- nesse caso são pensadas as manifestações coletivas em assembléias e situações de grande excitação.

Nesse esquema explicativo. Durkheim aponta que, em ambos casos, há o elemento comum da pressão externa ao individuo, ou seja , elabora uma sistematização lógica capaz de generalizar diferentes tipos, sem perder de vista o argumento central e sistematização da sociológica – o Fato social.

No segundo capítulo, o autor aponta as bases epistemológicas e metodológicas e sua forma de análise. Chama a atenção para o perigo de inserir prenoções e/ ou visões do espírito nas análises sociológicas, uma vez que, tal atitude serve muito mais como justificativa ou base de uma idéia do que, como análise do real, passível de comprovação. Segundo o autor: ―Em vez de observar as coisas, de as descrever, de as comparar nos contentamos em tormar consciência das nossas idéias , em analisá-las, em combiná-las. Em vez de ciência de realidades, não fazemos senão uma mera análise ideológica.‖ (P.42).

Para escapar desses obstáculos, Émile Durkheim enfatiza, com certa tranqüilidade, que as características dos fatos sociais são suficientes para satisfazer o critério de objetividade sobre o objeto. (52). Além disso o autor expõe algumas regras e procedimento básicos, entre os quais,o afastamento das pré noções, definição do objeto de investigação, considerar a exterioridade dos objetos e outros relacionados a própria definição de fato social.

No terceiro capítulo, trata da distinção entre normal e patológico. Para tal inicia tomando como base estas noções sob uma perspectiva Biológica, apontando as dificuldades de apontar tais definições para o campo da Sociologia. Assim, o autor associa a idéia de normalidade aos fenômenos de formas mais gerais e mórbidos para as exceções. Busca com isso, sinais exteriores e objetivos, capazes de oferecer elementos para distinção entre as duas ordens e suas influências nas funções do conjunto.

O autor destaca que, um fato social é normal para um tipo social determinado em sua fase de desenvolvimento (..) e que a generalidade do fenômeno está ligada às  condições gerais da vida coletiva do tipo social considerado(p.81), ou seja, em caso de  problemas na caracterização do fato normal, é importante reconstituir as condições de desenvolvimento do mesmo. Para exemplificar tais procedimentos, Durkheim analisa  noção de crime e aponta as características que garantem a ―normalidade‖ do mesmo.

De modo geral, no quarto Capítulo é explanada a constituição de tipos sociais. Iniciando a discussão pelo dilema de priorizar características especificas ou gerais, Durkheim afirma a importância de buscar características essenciais, cruciais e decisivas. Para o autor é fundamental entender a sociedade como conjunto de partes combinadas e nesse sentido a morfologia social, seria a parte da Sociologia responsável por classificar os tipos, segundo os critérios já explanados. Para tal empreitada, ele propõe também ter como referência sociedade mais simples ou de primeira ordem, entendendo que pode haver combinações entre elementos de um mesmo grupo.

No quinto capítulo, Émile Durkheim inicia apontando o erro de entender o fenômeno pelo seu fim ou utilidade. Ele afirma que ―esse método confunde duas questões muito diferentes. Mostrar a utilidade de um fato não é explicar como nasceu nem como é o que é, pois as funções para que serve supõem as propriedades especificas que o caracterizam, mas não o criam‖ (p.105). Dessa forma é importante pensar que as causas podem existir independentemente de seus efeitos, contudo, analisar os dois  aspectos para que a explicação do fenômeno fique completa. Nessa discussão lança  crítica aos cientistas que pressuponham a sociedade ser prolongamento ou efeito dos  estados psíquicos individuais (Para Durkheim seria o contrario).

            Para o autor, a causa determinante de um fato social deve ser procurada entre os fatos sociais antecedentes e não nos estados da consciência individual‖ (p.120). Lança crítica também aos filósofos que entendiam pensavam o indivíduo como engrenagem principal da engenharia social. Para o autor não é necessária tal engenharia já que a vida social tem uma natureza sui generis ao ser coletivo.

No sexto capítulo, Émile Durkheim trata das regras relativas ao estabelecimento de provas, enfatizando , de modo geral, a importância do método comparativo no trabalho de verificação. Afirma que, diferentemente das Biologia ou Química, onde os fenômenos podem ser reproduzidos em laboratório, a Sociologia não pode gerar artificialmente seu próprio fenômeno, resta-lhe assim, a possibilidade de, uma vez que tais fenômenos apareçam espontaneamente, cabe ao sociólogo aplicar o método de experimentação indireta ou método comparativo.

 Nesse sentido, o poder de demonstração na sociologia é acompanhado da grande complexidade que seu objeto de estudo. Para Durkheim (p.144) só se pode explicar um fato social de uma certa complexidade se acompanharmos o seu desenvolvimento integral através de todas as espécies sociais. A sociologia comparada (...) é a própria Sociologia, uma vez que ela  deixa de ser puramente descritiva e ambiciona explicar os fatos.

            Por fim, fica claro que, As Regra do Método Sociológico, é uma obra de sistematização de Sociologia. É antes de tudo, uma defesa fervorosa da autonomia e objetividade desse campo de conhecimento e também de seus métodos e teorias. Ao construir a noção de fato social e afirmá-la como objeto da sociologia. Durkheim rompeu com as tradições Psicológicas e Filosóficas, atribuindo assim a explicação do social para a Ciência Sociológica.Conferindo a essa mesma, um estatuto de legitimidade perante o contexto geral e positivismo no qual mergulhavam as ciências da  época, contudo, uma de suas originalidades está no fato de, sistematizar um método  próprio que considera a complexidade da sociedade, enquanto campo de estudo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
DURKHEIM, Émile. Regras do Método Sociológico. São Paulo, Editora: Martin

Claret. 2003

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