Por
: Jesus Marmanillo Pereira
No
primeiro capitulo, de modo geral, Émile Durkhein explica como se configura o objeto da sociologia.Para isso, discorre
sobre a diferença que há entre o fato social
visto por outras áreas e o percebido pela sociologia. Nesse sentido, explica
que, escapando a quaisquer generalidades a Sociologia deve analisar os fatos
sociais e caracterizá-los por três aspectos fundamentais localizados na relação
entre indivíduos e grupo, são esses, a externalidade, coercitividade e
generalidade.
Émile
Durkheim exemplifica e caracteriza o fato social através de dois aspectos específicos, aqueles cristalizados em crenças
e práticas constituídas (regras jurídicas, sistemas lingüísticos, financeiros
etc..) e outros chamados de correntes sociais, cuja expressão não possui forma
cristalizada e/ou regular- nesse caso são pensadas as manifestações coletivas
em assembléias e situações de grande excitação.
Nesse
esquema explicativo. Durkheim aponta que, em ambos casos, há o elemento comum
da pressão externa ao individuo, ou seja , elabora uma sistematização lógica
capaz de generalizar diferentes tipos, sem perder de vista o argumento central
e sistematização da sociológica – o Fato social.
No
segundo capítulo, o autor aponta as bases epistemológicas e metodológicas e sua
forma de análise. Chama a atenção para o perigo de inserir prenoções e/ ou
visões do espírito nas análises sociológicas, uma vez que, tal atitude serve
muito mais como justificativa ou base de uma idéia do que, como análise do
real, passível de comprovação. Segundo o autor: ―Em vez de observar as coisas,
de as descrever, de as comparar nos contentamos em tormar consciência das
nossas idéias , em analisá-las, em combiná-las. Em vez de ciência de
realidades, não fazemos senão uma mera análise ideológica.‖ (P.42).
Para
escapar desses obstáculos, Émile Durkheim enfatiza, com certa tranqüilidade,
que as características dos fatos sociais são suficientes para satisfazer o critério
de objetividade sobre o objeto. (52). Além disso o autor expõe algumas regras e
procedimento básicos, entre os quais,o afastamento das pré noções, definição do
objeto de investigação, considerar a exterioridade dos objetos e outros
relacionados a própria definição de fato social.
No
terceiro capítulo, trata da distinção entre normal e patológico. Para tal
inicia tomando como base estas noções sob uma perspectiva Biológica, apontando
as dificuldades de apontar tais definições para o campo da Sociologia. Assim, o
autor associa a idéia de normalidade aos fenômenos de formas mais gerais e
mórbidos para as exceções. Busca com isso, sinais exteriores e objetivos,
capazes de oferecer elementos para distinção entre as duas ordens e suas
influências nas funções do conjunto.
O
autor destaca que, um fato social é normal para um tipo social determinado em
sua fase de desenvolvimento (..) e que a generalidade do fenômeno está ligada
às condições gerais da vida coletiva do
tipo social considerado(p.81), ou seja, em caso de problemas na caracterização do fato normal, é
importante reconstituir as condições de desenvolvimento do mesmo. Para exemplificar
tais procedimentos, Durkheim analisa noção
de crime e aponta as características que garantem a ―normalidade‖ do mesmo.
De
modo geral, no quarto Capítulo é explanada a constituição de tipos sociais. Iniciando
a discussão pelo dilema de priorizar características especificas ou gerais, Durkheim
afirma a importância de buscar características essenciais, cruciais e decisivas.
Para o autor é fundamental entender a sociedade como conjunto de partes combinadas
e nesse sentido a morfologia social, seria a parte da Sociologia responsável por
classificar os tipos, segundo os critérios já explanados. Para tal empreitada,
ele propõe também ter como referência sociedade mais simples ou de primeira
ordem, entendendo que pode haver combinações entre elementos de um mesmo grupo.
No
quinto capítulo, Émile Durkheim inicia apontando o erro de entender o fenômeno
pelo seu fim ou utilidade. Ele afirma que ―esse método confunde duas questões
muito diferentes. Mostrar a utilidade de um fato não é explicar como nasceu nem
como é o que é, pois as funções para que serve supõem as propriedades
especificas que o caracterizam, mas não o criam‖ (p.105). Dessa forma é
importante pensar que as causas podem existir independentemente de seus
efeitos, contudo, analisar os dois aspectos
para que a explicação do fenômeno fique completa. Nessa discussão lança crítica aos cientistas que pressuponham a
sociedade ser prolongamento ou efeito dos estados psíquicos individuais (Para Durkheim
seria o contrario).
Para
o autor, a causa determinante de um fato social deve ser procurada entre os
fatos sociais antecedentes e não nos estados da consciência individual‖ (p.120). Lança crítica também aos filósofos que entendiam pensavam o indivíduo como engrenagem principal da engenharia social. Para o autor não é necessária tal engenharia já que a vida social tem uma natureza sui generis ao ser coletivo.
No
sexto capítulo, Émile Durkheim trata das regras relativas ao estabelecimento de
provas, enfatizando , de modo geral, a importância do método comparativo no
trabalho de verificação. Afirma que, diferentemente das Biologia ou Química,
onde os fenômenos podem ser reproduzidos em laboratório, a Sociologia não pode
gerar artificialmente seu próprio fenômeno, resta-lhe assim, a possibilidade
de, uma vez que tais fenômenos apareçam espontaneamente, cabe ao sociólogo
aplicar o método de experimentação indireta ou método comparativo.
Nesse sentido, o poder de demonstração na
sociologia é acompanhado da grande complexidade que seu objeto de estudo. Para
Durkheim (p.144) só se pode explicar um fato social de uma certa complexidade
se acompanharmos o seu desenvolvimento integral através de todas as espécies sociais.
A sociologia comparada (...) é a própria Sociologia, uma vez que ela deixa de ser puramente descritiva e ambiciona
explicar os fatos.
Por
fim, fica claro que, As Regra do Método Sociológico, é uma obra de sistematização
de Sociologia. É antes de tudo, uma defesa fervorosa da autonomia e objetividade
desse campo de conhecimento e também de seus métodos e teorias. Ao construir a
noção de fato social e afirmá-la como objeto da sociologia. Durkheim rompeu com
as tradições Psicológicas e Filosóficas, atribuindo assim a explicação do
social para a Ciência Sociológica.Conferindo a essa mesma, um estatuto de legitimidade
perante o contexto geral e positivismo no qual mergulhavam as ciências da época, contudo, uma de suas originalidades
está no fato de, sistematizar um método próprio
que considera a complexidade da sociedade, enquanto campo de estudo.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA:
DURKHEIM,
Émile. Regras do Método Sociológico. São Paulo, Editora: Martin
Claret.
2003
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