segunda-feira, 17 de março de 2014

Lançamento do Livro Travessias Torturadas e celebração do Dia Estadual de Combate à Tortura no Maranhão.

Lançamento acontece 21 de março, às 15h, na Galeria Trapiche Santo Ângelo. Promoção é da SMDH
Instituído em 2008 em homenagem ao artista popular Jeremias Pereira da Silva, o Gerô – espancado até a morte por policiais militares na data, no ano anterior –, o Dia Estadual de Combate à Tortura é celebrado no Maranhão em 22 de março.
O combate à tortura sempre foi uma bandeira da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), entidade que completou 35 anos em 2014, fundada no bojo das lutas contra a ditadura militar brasileira e pela anistia.
Este ano a SMDH antecipa em um dia a celebração da data, que cai num sábado. No próximo dia 21 de março (sexta-feira), com o apoio da Galeria Trapiche Santo Ângelo (em frente ao Circo Cultural Nelson Brito), na Praia Grande, onde será realizado o evento, haverá o lançamento do livro Travessias Torturadas – Direitos Humanos e Ditadura no Brasil (1964-1985), do jornalista potiguar radicado em Belém/PA Dermi Azevedo, ex-preso político. O filho de Dermi, que se suicidou em fevereiro de 2013, também foi vítima de tortura quando o pai esteve preso.
Travessias Torturadas traz um registro autobiográfico do período, lembrando duas prisões: em 1968, no 30º. Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna, e em 1974, quando foi levado ao Presídio Tiradentes, em São Paulo, onde conheceu os freis Betto e Tito. A atuação da Igreja Católica também é comentada na obra de Dermi Azevedo, também cientista político, um dos fundadores do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).
 Questão penenciária – A celebração do Dia Estadual de Combate à Tortura não deixará de abordar a atual crise penitenciária em que o Maranhão está mergulhado desde outubro passado, cujo desenrolar é acompanhado de perto pela SMDH.
“Recentemente uma advogada da Conectas, uma das entidades peticionárias à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, esteve em Genebra, em uma audiência da Organização das Nações Unidas denunciando o caos no sistema prisional brasileiro, particularmente o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. É importante lembrar as mazelas proporcionadas pela ditadura militar brasileira através de um testemunho forte de quem viveu o período, mas não podemos esquecer que a tortura, infelizmente, ainda é uma prática em voga, um instrumento aceito para a obtenção de provas por agentes do Estado”, declarou o jornalista Zema Ribeiro, presidente da SMDH.
Na ocasião, a entidade apresentará um balanço das ações realizadas desde outubro de 2013, quando ocorreu a última rebelião sangrenta em Pedrinhas, o que ensejou a denúncia das entidades à Organização dos Estados Americanos e a emissão da Medida Cautelar 367-13.
Contracapa – Leia o texto da contracapa de Travessias Torturadas: “Este livro é, ao mesmo tempo, um registro autobiográfico e político do autor e um testemunho sobre os anos de chumbo no Brasil, entre os anos de 1964/1985. Esse período marcou profundamente a situação existencial de Dermi Azevedo. Ele optou, em plena juventude, por dedicar-se integralmente à luta pela dignidade humana e por uma sociedade justa, fraterna, solidária e democrática. Pagou conscientemente o duro preço de sua escolha, como relata nesse livro. Um preço mais alto ainda foi pago por centenas de brasileiros e brasileiras que se empenharam nas lutas contra a ditadura civil-militar. Eles/elas constituem o grande universo dos mortos e dos desaparecidos políticos. Este livro-memória soma-se a todos os demais relatos dos/das combatentes contra o regime. E cujas consequências nunca serão plenamente vencidas. A linha seguida pelo autor corresponde ao pensamento emitido por Danton na Revolução Francesa: “Não tenho rancor. Tenho memória”.”
O quê: mesa de debates e lançamento de Travessias Torturadas – Direitos Humanos e Ditadura no Brasil (1964-1985).
Quem: o jornalista Dermi Azevedo.
Quando: 21 de março (sexta-feira), às 15h.
Onde: Galeria Trapiche Santo Ângelo (Praia Grande, em frente ao Circo Cultural da Cidade).
Quanto: grátis, aberto ao público.
Maiores informações: (98) 3231-1601, 3231-1897, smdh@terra.com.br / 
http://smdh.org.br/?p=947

quinta-feira, 13 de março de 2014

As Ciências Sociais e os Pioneiros nos estudos sobre crime, violência e direitos humanos no Brasil

Diante da procura constante e da edição impressa quase esgotada, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública liberou "As Ciências Sociais e os Pioneiros nos estudos sobre crime, violência e direitos humanos no Brasil", coeditado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ANPOCS e Urbania Editorial, em 2011.

O PDF completo da publicação pode ser acessado no link abaixo ou na imagem ao lado:
o acesso ao o livro "

domingo, 9 de março de 2014

Encontro Internacional de Estudos Foucaultianos

Por ocasião do 30º aniversário da morte de Michel Foucault (1984-2014) e dos 50 anos do Golpe Civil-Militar brasileiro (1964-2014), a proposta de realização do 1º Encontro de Estudos Foucaultianos: Governamentalidade & Segurança tem por objetivo reunir professores e pesquisadores provenientes de universidades do país e do exterior com o propósito de articular um campo de pesquisas que, embora consolidado no exterior, encontra-se pouco desenvolvido no Brasil..

 O 1º Encontro de Estudos Foucaultianos pretende ser um esforço para o estabelecimento de relações com outras reflexões realizadas em diferentes domínios do conhecimento (História, Educação, Filosofia, Política), cuja preocupação esteja voltada para a temática do evento. Permitindo, com isso, a configuração de um espaço de confluência para diferentes experimentações no campo dos estudos foucaultianos no Brasil.




 
 No evento será lançado o livro Governabilidade e Segurança organizado por Nildo AVELINO; Salvo VACCARO. (org.).

Resumo: O livro reúne artigos de autores nacionais e estrangeiros em torno da temática ‘governamentalidade e segurança’, abordando problemas relacionados à biopolítica, confissão, governo e governança, opinião pública, globalização, ecologia e meio ambiente, violência, democracia, entre outros, enfocados a partir dos estudos foucaultianos. Autores: Aécio Amaral, Ariosvaldo Diniz e Luziana Ramalho, Edson Lopes, Edson Teles, Laura Bazzicalupo, Michael Dillon, Michel Senellart, Nildo Avelino, Ottavio Marzocca, Salvo Vaccaro, Serena Marcenò, Silvana Tótora, Sylvio Gadelha e Anderson Duarte, Thomas Lemke.





quinta-feira, 6 de março de 2014

CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO

Estamos recebendo colaborações para publicação da edição de lançamento da Visagem – Revista Eletrônica em Antropologia Visual e da Imagem. Envie artigos, ensaios, resenhas, vídeos, Fotoetnografrias e entrevistas de 01 de março a 30 de maio de 2014

Mais informações, sobre a revista e normas de publicação, podem ser consultadas no endereço:

http://www.ppgcs.ufpa.br/revistavisagem/index.html#

quarta-feira, 5 de março de 2014

Comemoração dos 40 anos do PPGAS/UFRGS


O Programa de Pós-graduação de Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Rio Grande do Sul convida a todos para as comemorações dos 40 anos do PPGAS/UFRGS.


Horário: 11/03: das 9h30 às 18h | 12/03: das 13h30 às 19h
Locais: Panthéon e Multimeios

Organização: PPGAS
Coordenação: Cornelia Eckert e PPGAS
Financiamento: PPGAS, Capes/Proex
Apoio: PPGAS, Capes/Proex


mais informações em: site do PPGAS/UFRGS


segunda-feira, 3 de março de 2014

50 anos do Golpe: Dicas de filmes sobre a ditadura militar no Brasil


Aproveitando que no próximo mês será marcado 50 anos do golpe militar no Brasil, selecionamos alguns filmes sobre o tema para socializar aqui no blog. Os mesmos encontram-se no youtube e podem ser acessados diretamente com um clique sobre a imagem.








Telecurso de Sociologia para o ensino médio




Telecurso de Sociologia para o ensino médio. 
40 minutos de duração

Cursos gratuitos de Sociologia (online)



Socializando uma lista com oito cursos gratuitos, de Sociologia, pesquisados pela Universia Brasil





  • Fundamentos da Teoria Social Moderna (Yale University) - YouTube - iTunes Vídeo - iTunes Áudio - Site Oficial - Este curso oferece uma visão geral das principais obras do pensamento social desde o início da era moderna. A matéria está focada nos contextos sociais e intelectuais, quadros conceituais e métodos, e contribuições para a análise social contemporânea.
  •  Introdução à Ciência da Não-Violência (Berkeley University) – YouTube - Site oficial – Esse curso oferece uma introdução à ciência da não-violência utilizando a visão e obra de Mahatma Gandhi.
  •  Introdução à Sociologia – Parte 1 (New York University) - Site Oficial – Este curso oferece uma série de problemas e métodos usados por sociólogos para fazer uma introdução ao tema.
  •  História da Teoria Social Ocidental (Cambridge University) - YouTube
  •  A Invenção do Mundo Moderno (Cambridge University) - Quicktime Videos - Esse curso é baseado nas aulas do professor Alan Macfarlane, da Universidade de Cambridge. As aulas são lecionadas a partir de tópicos importantes sobre a invenção do mundo moderno.
  • A Sociologia das Relações Raciais (University of Massachusetts Amherst) - iTunes
Fonte:http://canaldoensino.com.br/blog/8-cursos-online-gratis-de-sociologia

Por uma Sociologia Histórica do Sindicalismo rural em Pernambuco *

                                                                                                                      Por: Jesus Marmanillo¹

KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Práticas Instituintes e experiências autoritárias: O sindicalismo rural na Zona da Mata de Pernambuco, 1950-1974. Rio de Janeiro: Garamond, 2012, 420p.



O livro “Práticas instituintes e experiências autoritárias: o sindicalismo rural na Zona da Mata de Pernambuco 1950-1974”, escrito pelo Sociólogo Mauro Guilherme Pinheiro Koury, traz consigo, uma bela exposição dos condicionantes históricos e sociais necessários para a realização de práticas associativas na Zona da Mata Pernambucana entre os anos de 1950 e 1974, ou seja, trata-se de uma história social dos processos organizacionais dos movimentos sociais e sindicais da referida região (KOURY, 2012).

Por meio de um modelo sociológico processual e histórico, o autor demonstra a possibilidade elisiana e weberiana de análise de fenômenos associativos como movimentos sociais e sindicatos. Entre outras coisas, isso significou buscar os condicionantes necessários para a formação e legitimidade desses, ou seja, compreender o movimento social enquanto resultado de determinadas dinâmicas relacionais existentes entre determinados agentes, instituições que se relacionam entre si e também com determinado contexto histórico. Epistemologicamente, isso significa uma ruptura com o pensamento reificador que toma o movimento social e sindical enquanto coisa dada, como simples resultado de determinadas reivindicações ou, ainda, como um fenômeno compartimentado e apartado de outras questões políticas e sociais.

            Contrariamente o autor expõe que o binômio “luta pela terra e luta pelos direitos sociais nunca deixou de fazer parte do rol identidario presente nas organizações sindicais” (p.18), demonstra que por trás dessas lutas se articulavam diversas organizações e realizações de trabalhos coletivos como reuniões, lançamentos de determinados programas e ações que não podem ser desvinculadas dos contextos da política estadual, nacional e cenário mundial. Assinalando mais a complexidade do problema de estudo, aponta a existência de uma variedade de categorias representativas como, pequenos produtores, posseiros que não podem ser obscurecidas por trás do termo camponês.

                 Para desenvolver tal problema e modelo analítico, Mauro Guilherme Pinheiro Koury sistematiza o estudo em três momentos onde são expostos: o momento de emergência de tais organizações durante a década de 1950, os caminhos trilhados ao longo do processo de institucionalização das mesmas e, por fim, a relação destas com o estado autoritário.
Guiada pelo conceito elisiano de configuração e pelas noções de economia moral e ofensa moral de Thompson e Barrington More Jr, a primeira parte do livro expõe os fatores políticos, econômicos e sociais que associaram Pernambuco (entre os anos de 1955 e 1964) com uma imagem de área de tensão social. Nesse sentido, expõe as expressões de violência presentes nas relações de produção do “cinturão canavieiro” da Zona da Mata Pernambucana. Explica como tal violência se constitui como a base do poder local e consequentemente como essa se caracterizou enquanto fator inibidor e limitador das tentativas de organização dos trabalhadores rurais. Em nível nacional, o autor se deteve  nos  fatores de inibição desenvolvidos pelos militares que percebiam as questões sindicais associadas ao comunismo e contrárias aos interesses sindicais.

                  No âmbito político, demonstra como a eleição de 1958 dinamizou as relações de poder na busca da construção de um pacto político liderado pelas elites, simpático ao estado e aos representantes da esquerda organizada. Assim, analisa a candidatura e atuações de políticos como Cid Sampaio e Miguel Arraes, elencando como essas mesmas representaram respectivamente a atenuação dos conflitos e estímulo à organização popular. Tal política local não esteve desvinculada das intervenções do governo federal sobre a região Nordeste, durante a seca de 1958, e da forma como essa região passou a ser vista em relação às denúncias de fraudes envolvendo os recursos repassados pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DENOCS), e também enquanto região que necessitava ser integrada no desenvolvimento nacional.
Além disso, o autor situa tal recorte dentro de um contexto internacional polarizado, entre as ideologias norte americanas e comunistas, no qual os E.U.A  também buscou exercer influência sobre o problema da seca, explicitando uma solução por via industrial e econômica, que foi incorporada nos discursos governamentais, e um discurso anticomunista, utilizado por militares, grupos da direita e empresários que percebiam no Nordeste, uma possibilidade de investimento.

                 Explicando que, o movimento sindical rural, no Nordeste, emergiu no contexto de acirramento do conflito entre classes no meio rural e também em relação ao papel da igreja no debate sobre uma política econômica regional e também por conta de suas divisões internas, Mauro Guilherme Koury realiza um mapeamento do conflito existente entre os grupos e como as alianças e disputas entre esses são fundamentais para a compreensão da formação do sindicalismo rural na Zona da Mata Pernambucana. Nesse sentido realiza um mapeamento das relações estabelecidas entre os grupos e instituições relacionadas à questão trabalhista no campo, destacando a relação do Partido Comunista com as Ligas Camponesas, da articulação realizada pela Associação Rural Brasileira, das ações da igreja católica, por meio de seus serviços de assistência Rural e Movimento de educação de Base, e aponta como essas interações sociais resultavam em diferentes formas de sindicalismo, próximos ao governo ou mais radicais, que caracterizaram as formas de mobilização no campo associadas ao sindicalismo rural.

                   Na segunda parte do livro, Mauro Guilherme Koury descreve minuciosamente tal mapeamento e relações, explicando assim o processo de expansão do sindicalismo rural na Zona da Mata Pernambucana. Trata-se de uma etnografia de base histórica a respeito da disputa “palmo a palmo” - feita pelos grupos organizados pela igreja, pelo partido comunista e por outros grupos de esquerda-como as ligas camponesas- em torno das possibilidades de espaço de sindicalismo rural. Nesse sentido o autor expõe a arena de disputa, apontando os discursos defendidos, os financiamentos, os processos de mobilização e desmobilização sindical, a questão organizacional e diferentes formas de sindicalismo.

             Nesse sentido descreve o sindicalismo rural católico percebido como integrado à ordem estabelecida e oposto a radicalidade das ligas camponesas e ao “comunismo ateu” do partido comunista. Koury (2012) demonstra como esse sindicalismo cristão foi articulado com ajuda de organizações internacionais como a Cooperative League of the United States of America e a United States Agency for Internacional Development, de organizações nacionais como o Serviço de Orientação Rural de Pernambuco, gestado pela própria igreja e com a ajuda de profissionais externos, principalmente de advogados atuantes nos processos de oficialização e legalização dos sindicatos. Com base nessa estrutura eram fornecidos cursos de formação de líderes e outras estratégias de cooptação de membros das ligas camponesas.

             Analisando a relação entre aspectos micro e macro- estruturais, o autor explica a influência de setores da igreja no processo de discussão sobre a formação da SUDENE, da CONTAG, bem como a emergência da “Ação Popular” e de Movimentos de Educação de Base (MEB) voltados para a cultura popular, com uma ideia de consciência Histórica e educação transformadora. Por outro lado demonstra como as tendências internacionais do comunismo influenciaram na dinâmica interna do Partido Comunista no Brasil, e conseqüentemente na sua relação com as Ligas Camponesas, com quem rompem relações, se voltando mais para os trabalhos de legalização de sindicatos rurais, sobrepondo, em 1961, inclusive o trabalho de sindicalização realizado pela igreja (KOURY, 2012).

             Seguindo a perspectiva relacional e processual elisiana, o autor demonstra as relações de disputa existentes em vários níveis, durante o governo Arraes, apontando as formas de atuação do partido comunista e o acirramento de sua disputa com o sindicalismo católico, e expõe também o acirramento da violência de fazendeiros e empresários contra as ações coletivas promovidas pelos trabalhadores rurais.  Koury (2012) percebe que tais disputas eram acompanhadas de determinados discursos e de uma estrutura material e ideológica caracterizada em grandes blocos compostos de parlamentares, empresários, exército e organizações norte americanas, e por outro lado, de uma estrutura “artesanal” construída por Miguel Arraes, e que esteve vinculada diretamente ao reconhecimento e valorização das lutas camponesas. O autor finaliza o capítulo descrevendo detalhadamente a situação de aumento da violência e das tensões nas áreas canavieiras e urbana recifense, alguns meses antes do golpe militar. Expõe assim as situações da ocupação do engenho Serra, a eclosão de movimentos urbanos e greves dos trabalhadores das usinas de açúcar.

              Na terceira parte do livro é tratado da relação entre o movimento sindical e as práticas autoritárias do governo militar, entre os anos de 1964 e 1968. Comentando sobre as deposições e substituições do governador e prefeito de Pernambuco e Recife, o autor destaca o clima de medo e violência, associado às prisões, perseguições, desaparecimentos e mortes de líderes sindicais e líderes das Ligas Camponesas, que passou a ser considerada ilegal. Quanto aos sindicatos rurais, Koury (2012) explica a maneira como passaram a ser controlados e influenciados pelos governos militares, perdendo assim a questão da mobilização política e econômica em detrimento de práticas assistencialistas e bitoladas no enaltecimento do trabalho. O autor descreve a violência patronal e as ações do estado autoritário, no sentido de controlar as ações sindicais e reelaborar a história sindical, gerando assim uma espécie de momento ou intermezzo, no qual os movimentos sociais do campo refluíram. Em relação ao controle das greves, o autor afirma que “a lei de greve criada após o golpe, como se pode ver, elaborava um verdadeiro labirinto com o objetivo de inibir os esforços de organização em qualquer categoria de trabalhadores à greve...” (KOURY,p.257,2012).

             Se antes, alguns setores da igreja católica buscavam amenizar os ânimos e conflito, reforçando a ordem vigente do Estado autoritário, a política de modernização capitalista aplicada em Pernambuco gerou um estado de calamidade social do trabalhador rural, quase sempre alvo de violências, atrasos de salários e desemprego. O não cumprimento de algumas reformas sociais, pelos governos federal e estadual, ocasionou o descontentamento de alguns setores da igreja. Se com o governo de Miguel Arraes o patronato açucareiro diminuiu suas ações frente à organização sindical, com o governo autoritário tal patronato não só aumentou o nível de violência contra os trabalhadores, de forma geral, como também foram aparados por empréstimos à fundo perdido oriundos do governo federal. Grosso modo, discorre sobre as greves, as estratégias burocráticas utilizadas pelo estado autoritário para amarrar e gerar uma atuação sindical pelega. No âmbito político demonstra a forma como os governos, federal e estadual, obscureceram a ideia de reforma agrária, confundindo ela com a de colonização e privilegiando a questão da previdência social no campo.

         Diante do antigo antagonismo “sociedade-indivíduo” o livro “Práticas Instituintes e experiências autoritárias: O sindicalismo rural na Zona da Mata de Pernambuco, 1950-1974” demonstra uma capacidade explicativa pautada no trânsito entre essas duas variáveis e consequentemente na quebra desse antagonismo clássico. Para tanto se vale de um forte diálogo com a História Social, demonstrando a importância dela para os esquemas explicativos sociológicos, principalmente os de Max Weber e Norbert Elias. Para os estudos sobre movimentos sociais, isso significou uma abordagem focalizada nas condições de emergência e funcionamento dos referidos agrupamentos.

             Resultado de uma pesquisa doutoral, “Práticas Instituintes e experiências autoritárias: O sindicalismo rural na Zona da Mata de Pernambuco, 1950-1974” demonstra também, uma etnografia de base histórica que elenca a relação entre sindicalismo e movimentos sociais do campo e o Estado autoritário de 1964, ou seja, explica às alianças, disputas e estratégias acionadas pelos sindicatos, igreja, Estado - nas relações sociais que marcaram aquele contexto histórico.  Dessa forma demonstra toda a complexidade de fatores necessários para a compreensão do processo sócio-histórico problematizado e discorrido ao longo do livro.


*Resenha publicada na Revista Brasileira de Sociologia da Emoção(RBSE) v.12, n. 34, pp. 317-423, Abril de 2013. ISSN 1676-8965 disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/JesusRes.pdf



sábado, 1 de março de 2014

Movimentos Sociais na República Velha


Mais videos em:
https://www.youtube.com/user/sitedescomplica?feature=watch

AQUARELA PERIFÉRICA: Grafite em São Luís-MA


Com 25 minutos de duração, o documentário  Aquarela Periférica, de Nayra Albuquerque, demonstra a história da grafitagem em São Luís, trazendo atores  e experiências de vida que macam a cena urbana de São Luís desde final da década de 1980 até os dias atuais.


Antropologia da Emoção e Estudos em Imagem


       
                                       (clique nas imagens para download)


Disponível para download duas organizações provenientes  do Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia da Emoção (GREM) e Grupo Interdisciplinar de Estudos em Imagem (GREI). Para mais informações sobre o grupo consultar os links abaixo:

Site do GREM  ou GREM
Site do GREI




Movimentos Sociais - Dicas para o ENEN


Definição

Por mais que existam varias definições a respeito dos movimentos sociais, a pesquisadora Eva Maria Lakatos percebe que existem características comuns em todas as definições e conclui:

Sintetizando as colocações de vários autores, podemos considerar os movimentos sociais como tendo origem em uma parcela da sociedade global, com característica de maior ou menor organização, certo grau de continuidade e derivando da insatisfação e/ou das contradições existentes a determinado contexto histórico e sendo ou de transformação ou de manutenção do status quo.  (p.342)

Características:

Possuem organização e liderança
Reivindicam causas coletivas
Só existem em relação a determinados oponentes (surgem numa relação de conflito)
Possuem características semelhantes aos grupos sociais secundários 

Quadro comparativo: Movimentos sociais – Grupos Sociais

Características diferentes: Um surge mais próximo da situação de conflito enquanto outro é mais adequado ao sistema social.


Caso
Função
Situação de formação e desenvolvimento
Família
Grupo de estudantes
Grupo de empresários
Grupo de atletas etc..
Integrar os indivíduos a sociedade, transmissão de valores
Dentro da sociedade  estabelecida



Mov sociais
Reivindicar e dar visibilidade para questões e problemas de minorias
 Reivindicações e conflitos com os governos industriais e outros setores da sociedade


Características semelhantes: Ambos possuem organização, liderança propósito comuns


Relação entre Movimentos Sociais e grupos sociais:

Movimentos sociais podem surgir a partir de determinados grupos sociais.
EX:  Movimento negro – grupo de pessoas negras, MST- trabalhadores rurais.


Boias Frias (cortadores de cana de açúcar)                                                                 MST


Quanto mais conseguem adesão e simpatia de diferentes grupos, mais o movimento social tende a se fortalecer  

Ex:  Movimento Diretas já e outros contra a ditadura militar congregaram e unificaram diferentes grupos como: movimentos ligados a igreja católica, aos estudantes, parlamentares etc...

Obs: a união de vários grupos podem formar coalizações: movimentos maiores

História dos Movimentos Sociais  (Vídeo)





Ciência Política Hoje



De acordo com os autores, o “objetivo principal foi mostrar alguns dos atuais debates na área, oferecendo alternativas de temas de estudo ao leitor e apresentando a agenda de pesquisas que vem se constituindo na Ciência Política do Brasil”. Desse modo, em vez de organizar a coletânea por um temática, foi feita a opção pela pluralidade, abordando temas diversos como políticas públicas e internacionais, direitos humanos, cidadania, participação social, democracia, política e mídia, entre outros.

GALLO, Carlos Artur, SOUSA, Bruno; MARTINS, Joyce Miranada Leão.(Org.) Ciência Política Hoje. 01 ed. Porto Alegre: Evangraf,2013,v01,p.01-294.