domingo, 30 de março de 2014
quinta-feira, 20 de março de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
Lançamento do Livro Travessias Torturadas e celebração do Dia Estadual de Combate à Tortura no Maranhão.
Lançamento acontece 21 de março, às 15h, na Galeria Trapiche Santo Ângelo. Promoção é da SMDH
Instituído em 2008 em homenagem ao artista popular Jeremias Pereira da Silva, o Gerô – espancado até a morte por policiais militares na data, no ano anterior –, o Dia Estadual de Combate à Tortura é celebrado no Maranhão em 22 de março.
O combate à tortura sempre foi uma bandeira da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), entidade que completou 35 anos em 2014, fundada no bojo das lutas contra a ditadura militar brasileira e pela anistia.
Este ano a SMDH antecipa em um dia a celebração da data, que cai num sábado. No próximo dia 21 de março (sexta-feira), com o apoio da Galeria Trapiche Santo Ângelo (em frente ao Circo Cultural Nelson Brito), na Praia Grande, onde será realizado o evento, haverá o lançamento do livro Travessias Torturadas – Direitos Humanos e Ditadura no Brasil (1964-1985), do jornalista potiguar radicado em Belém/PA Dermi Azevedo, ex-preso político. O filho de Dermi, que se suicidou em fevereiro de 2013, também foi vítima de tortura quando o pai esteve preso.
Travessias Torturadas traz um registro autobiográfico do período, lembrando duas prisões: em 1968, no 30º. Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna, e em 1974, quando foi levado ao Presídio Tiradentes, em São Paulo, onde conheceu os freis Betto e Tito. A atuação da Igreja Católica também é comentada na obra de Dermi Azevedo, também cientista político, um dos fundadores do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).
Questão penenciária – A celebração do Dia Estadual de Combate à Tortura não deixará de abordar a atual crise penitenciária em que o Maranhão está mergulhado desde outubro passado, cujo desenrolar é acompanhado de perto pela SMDH.
“Recentemente uma advogada da Conectas, uma das entidades peticionárias à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, esteve em Genebra, em uma audiência da Organização das Nações Unidas denunciando o caos no sistema prisional brasileiro, particularmente o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. É importante lembrar as mazelas proporcionadas pela ditadura militar brasileira através de um testemunho forte de quem viveu o período, mas não podemos esquecer que a tortura, infelizmente, ainda é uma prática em voga, um instrumento aceito para a obtenção de provas por agentes do Estado”, declarou o jornalista Zema Ribeiro, presidente da SMDH.
Na ocasião, a entidade apresentará um balanço das ações realizadas desde outubro de 2013, quando ocorreu a última rebelião sangrenta em Pedrinhas, o que ensejou a denúncia das entidades à Organização dos Estados Americanos e a emissão da Medida Cautelar 367-13.
Contracapa – Leia o texto da contracapa de Travessias Torturadas: “Este livro é, ao mesmo tempo, um registro autobiográfico e político do autor e um testemunho sobre os anos de chumbo no Brasil, entre os anos de 1964/1985. Esse período marcou profundamente a situação existencial de Dermi Azevedo. Ele optou, em plena juventude, por dedicar-se integralmente à luta pela dignidade humana e por uma sociedade justa, fraterna, solidária e democrática. Pagou conscientemente o duro preço de sua escolha, como relata nesse livro. Um preço mais alto ainda foi pago por centenas de brasileiros e brasileiras que se empenharam nas lutas contra a ditadura civil-militar. Eles/elas constituem o grande universo dos mortos e dos desaparecidos políticos. Este livro-memória soma-se a todos os demais relatos dos/das combatentes contra o regime. E cujas consequências nunca serão plenamente vencidas. A linha seguida pelo autor corresponde ao pensamento emitido por Danton na Revolução Francesa: “Não tenho rancor. Tenho memória”.”
O quê: mesa de debates e lançamento de Travessias Torturadas – Direitos Humanos e Ditadura no Brasil (1964-1985).
Quem: o jornalista Dermi Azevedo.
Quando: 21 de março (sexta-feira), às 15h.
Onde: Galeria Trapiche Santo Ângelo (Praia Grande, em frente ao Circo Cultural da Cidade).
Quanto: grátis, aberto ao público.
Maiores informações: (98) 3231-1601, 3231-1897, smdh@terra.com.br / http://smdh.org.br/?p=947
Quem: o jornalista Dermi Azevedo.
Quando: 21 de março (sexta-feira), às 15h.
Onde: Galeria Trapiche Santo Ângelo (Praia Grande, em frente ao Circo Cultural da Cidade).
Quanto: grátis, aberto ao público.
Maiores informações: (98) 3231-1601, 3231-1897, smdh@terra.com.br / http://smdh.org.br/?p=947
quinta-feira, 13 de março de 2014
As Ciências Sociais e os Pioneiros nos estudos sobre crime, violência e direitos humanos no Brasil
Diante da procura constante e da edição impressa quase esgotada, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública liberou "As Ciências Sociais e os Pioneiros nos estudos sobre crime, violência e direitos humanos no Brasil", coeditado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ANPOCS e Urbania Editorial, em 2011.
O PDF completo da publicação pode ser acessado no link abaixo ou na imagem ao lado:
o acesso ao o livro "O PDF completo da publicação pode ser acessado no link abaixo ou na imagem ao lado:
domingo, 9 de março de 2014
Encontro Internacional de Estudos Foucaultianos
Por ocasião do 30º aniversário da
morte de Michel Foucault (1984-2014) e dos 50 anos do Golpe Civil-Militar
brasileiro (1964-2014), a proposta de realização do 1º Encontro de
Estudos Foucaultianos: Governamentalidade & Segurança tem por
objetivo reunir professores e pesquisadores provenientes de universidades do
país e do exterior com o propósito de articular um campo de pesquisas que,
embora consolidado no exterior, encontra-se pouco desenvolvido no Brasil..
O 1º Encontro de Estudos Foucaultianos pretende ser um esforço
para o estabelecimento de relações com outras reflexões realizadas em
diferentes domínios do conhecimento (História, Educação, Filosofia, Política),
cuja preocupação esteja voltada para a temática do evento. Permitindo, com
isso, a configuração de um espaço de confluência para diferentes
experimentações no campo dos estudos foucaultianos no Brasil.
No evento será lançado o livro
Governabilidade e Segurança organizado por Nildo AVELINO; Salvo VACCARO.
(org.).
Resumo: O livro reúne artigos de autores nacionais
e estrangeiros em torno da temática ‘governamentalidade e segurança’, abordando
problemas relacionados à biopolítica, confissão, governo e governança, opinião
pública, globalização, ecologia e meio ambiente, violência, democracia, entre outros,
enfocados a partir dos estudos foucaultianos. Autores: Aécio Amaral, Ariosvaldo
Diniz e Luziana Ramalho, Edson Lopes, Edson Teles, Laura Bazzicalupo, Michael
Dillon, Michel Senellart, Nildo Avelino, Ottavio Marzocca, Salvo Vaccaro,
Serena Marcenò, Silvana Tótora, Sylvio Gadelha e Anderson Duarte, Thomas Lemke.
Mais iinformações no site: http://www.cchla.ufpb.br/estudosfoucaultianos/.
quinta-feira, 6 de março de 2014
CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO
Estamos recebendo
colaborações para publicação da edição de lançamento da Visagem – Revista
Eletrônica em Antropologia Visual e da Imagem. Envie artigos, ensaios,
resenhas, vídeos, Fotoetnografrias e entrevistas de 01 de março a 30 de maio de
2014
Mais informações, sobre a revista e normas de
publicação, podem ser consultadas no endereço:
http://www.ppgcs.ufpa.br/revistavisagem/index.html#
quarta-feira, 5 de março de 2014
Comemoração dos 40 anos do PPGAS/UFRGS
O Programa de Pós-graduação de Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Rio Grande do Sul convida a todos para as comemorações dos 40 anos do PPGAS/UFRGS.
Horário: 11/03: das 9h30 às 18h | 12/03: das 13h30 às 19h
Locais: Panthéon e Multimeios
Organização: PPGAS
Coordenação: Cornelia Eckert e PPGAS
Financiamento: PPGAS, Capes/Proex
Apoio: PPGAS, Capes/Proex
mais informações em: site do PPGAS/UFRGS
segunda-feira, 3 de março de 2014
50 anos do Golpe: Dicas de filmes sobre a ditadura militar no Brasil
Aproveitando que no próximo mês será marcado 50 anos do golpe militar no Brasil, selecionamos alguns filmes sobre o tema para socializar aqui no blog. Os mesmos encontram-se no youtube e podem ser acessados diretamente com um clique sobre a imagem.
Cursos gratuitos de Sociologia (online)
Socializando uma lista com oito cursos gratuitos, de Sociologia, pesquisados pela Universia Brasil
- Fundamentos da Teoria Social Moderna (Yale University) - YouTube - iTunes Vídeo - iTunes Áudio - Site Oficial
- Este curso oferece uma visão geral das principais obras do pensamento social desde o início da era moderna. A matéria está focada nos contextos sociais e intelectuais, quadros conceituais e métodos, e contribuições para a análise social contemporânea.
-
Sociologia Global (Berkeley University) - YouTube
- Introdução à Ciência da Não-Violência (Berkeley University) – YouTube - Site oficial – Esse curso oferece uma introdução à ciência da não-violência utilizando a visão e obra de Mahatma Gandhi.
- Introdução à Sociologia – Parte 1 (New York University) - Site Oficial – Este curso oferece uma série de problemas e métodos usados por sociólogos para fazer uma introdução ao tema.
- Introdução à Sociologia – Parte 2 (Berkeley University) - YouTube - iTunes Vídeo - iTunes Áudio -Site Oficial
- A Invenção do Mundo Moderno (Cambridge University) - Quicktime Videos - Esse curso é baseado nas aulas do professor Alan Macfarlane, da Universidade de Cambridge. As aulas são lecionadas a partir de tópicos importantes sobre a invenção do mundo moderno.
- A Sociologia das Relações Raciais (University of Massachusetts Amherst) - iTunes
Fonte:http://canaldoensino.com.br/blog/8-cursos-online-gratis-de-sociologia
Por uma Sociologia Histórica do Sindicalismo rural em Pernambuco *
Por: Jesus Marmanillo¹
KOURY, Mauro Guilherme
Pinheiro. Práticas Instituintes e experiências autoritárias: O sindicalismo
rural na Zona da Mata de Pernambuco, 1950-1974. Rio de Janeiro: Garamond, 2012,
420p.
O livro “Práticas
instituintes e experiências autoritárias: o sindicalismo rural na Zona da Mata
de Pernambuco 1950-1974”, escrito pelo Sociólogo Mauro Guilherme Pinheiro
Koury, traz consigo, uma bela exposição dos condicionantes históricos e sociais
necessários para a realização de práticas associativas na Zona da Mata
Pernambucana entre os anos de 1950 e 1974, ou seja, trata-se de uma história
social dos processos organizacionais dos movimentos sociais e sindicais da referida
região (KOURY, 2012).
Por meio de um modelo
sociológico processual e histórico, o autor demonstra a possibilidade elisiana
e weberiana de análise de fenômenos associativos como movimentos sociais e
sindicatos. Entre outras coisas, isso significou buscar os condicionantes
necessários para a formação e legitimidade desses, ou seja, compreender o
movimento social enquanto resultado de determinadas dinâmicas relacionais
existentes entre determinados agentes, instituições que se relacionam entre si
e também com determinado contexto histórico. Epistemologicamente, isso
significa uma ruptura com o pensamento reificador que toma o movimento social e
sindical enquanto coisa dada, como simples resultado de determinadas
reivindicações ou, ainda, como um fenômeno compartimentado e apartado de outras
questões políticas e sociais.
Contrariamente o autor expõe
que o binômio “luta pela terra e luta pelos direitos sociais nunca deixou de
fazer parte do rol identidario presente nas organizações sindicais” (p.18),
demonstra que por trás dessas lutas se articulavam diversas organizações e
realizações de trabalhos coletivos como reuniões, lançamentos de determinados
programas e ações que não podem ser desvinculadas dos contextos da política
estadual, nacional e cenário mundial. Assinalando mais a complexidade do
problema de estudo, aponta a existência de uma variedade de categorias
representativas como, pequenos produtores, posseiros que não podem ser
obscurecidas por trás do termo camponês.
Para desenvolver tal problema
e modelo analítico, Mauro Guilherme Pinheiro Koury sistematiza o estudo em três
momentos onde são expostos: o momento de emergência de tais organizações
durante a década de 1950, os caminhos trilhados ao longo do processo de
institucionalização das mesmas e, por fim, a relação destas com o estado
autoritário.
Guiada pelo conceito elisiano
de configuração e pelas noções de economia moral e ofensa moral de Thompson e
Barrington More Jr, a primeira parte do livro expõe os fatores políticos,
econômicos e sociais que associaram Pernambuco (entre os anos de 1955 e 1964)
com uma imagem de área de tensão social. Nesse sentido, expõe as expressões de
violência presentes nas relações de produção do “cinturão canavieiro” da Zona
da Mata Pernambucana. Explica como tal violência se constitui como a base do
poder local e consequentemente como essa se caracterizou enquanto fator
inibidor e limitador das tentativas de organização dos trabalhadores rurais. Em
nível nacional, o autor se deteve nos fatores de inibição desenvolvidos
pelos militares que percebiam as questões sindicais associadas ao comunismo e
contrárias aos interesses sindicais.
No âmbito político, demonstra
como a eleição de 1958 dinamizou as relações de poder na busca da construção de
um pacto político liderado pelas elites, simpático ao estado e aos
representantes da esquerda organizada. Assim, analisa a candidatura e atuações
de políticos como Cid Sampaio e Miguel Arraes, elencando como essas mesmas
representaram respectivamente a atenuação dos conflitos e estímulo à
organização popular. Tal política local não esteve desvinculada das
intervenções do governo federal sobre a região Nordeste, durante a seca de
1958, e da forma como essa região passou a ser vista em relação às denúncias de
fraudes envolvendo os recursos repassados pelo Departamento Nacional de Obras
Contra a Seca (DENOCS), e também enquanto região que necessitava ser integrada
no desenvolvimento nacional.
Além disso, o autor situa tal
recorte dentro de um contexto internacional polarizado, entre as ideologias
norte americanas e comunistas, no qual os E.U.A também buscou exercer
influência sobre o problema da seca, explicitando uma solução por via
industrial e econômica, que foi incorporada nos discursos governamentais, e um
discurso anticomunista, utilizado por militares, grupos da direita e
empresários que percebiam no Nordeste, uma possibilidade de investimento.
Explicando que, o movimento
sindical rural, no Nordeste, emergiu no contexto de acirramento do conflito
entre classes no meio rural e também em relação ao papel da igreja no debate
sobre uma política econômica regional e também por conta de suas divisões
internas, Mauro Guilherme Koury realiza um mapeamento do conflito existente
entre os grupos e como as alianças e disputas entre esses são fundamentais para
a compreensão da formação do sindicalismo rural na Zona da Mata Pernambucana.
Nesse sentido realiza um mapeamento das relações estabelecidas entre os grupos
e instituições relacionadas à questão trabalhista no campo, destacando a
relação do Partido Comunista com as Ligas Camponesas, da articulação realizada
pela Associação Rural Brasileira, das ações da igreja católica, por meio de
seus serviços de assistência Rural e Movimento de educação de Base, e aponta
como essas interações sociais resultavam em diferentes formas de sindicalismo,
próximos ao governo ou mais radicais, que caracterizaram as formas de
mobilização no campo associadas ao sindicalismo rural.
Na segunda parte do livro,
Mauro Guilherme Koury descreve minuciosamente tal mapeamento e relações,
explicando assim o processo de expansão do sindicalismo rural na Zona da Mata
Pernambucana. Trata-se de uma etnografia de base histórica a respeito da
disputa “palmo a palmo” - feita pelos grupos organizados pela igreja, pelo
partido comunista e por outros grupos de esquerda-como as ligas camponesas- em
torno das possibilidades de espaço de sindicalismo rural. Nesse sentido o autor
expõe a arena de disputa, apontando os discursos defendidos, os financiamentos,
os processos de mobilização e desmobilização sindical, a questão organizacional
e diferentes formas de sindicalismo.
Nesse sentido descreve o
sindicalismo rural católico percebido como integrado à ordem estabelecida e
oposto a radicalidade das ligas camponesas e ao “comunismo ateu” do partido
comunista. Koury (2012) demonstra como esse sindicalismo cristão foi articulado
com ajuda de organizações internacionais como a Cooperative League of the
United States of America e a United States Agency for Internacional
Development, de organizações nacionais como o Serviço de Orientação Rural de
Pernambuco, gestado pela própria igreja e com a ajuda de profissionais
externos, principalmente de advogados atuantes nos processos de oficialização e
legalização dos sindicatos. Com base nessa estrutura eram fornecidos cursos de
formação de líderes e outras estratégias de cooptação de membros das ligas
camponesas.
Analisando a relação entre
aspectos micro e macro- estruturais, o autor explica a influência de setores da
igreja no processo de discussão sobre a formação da SUDENE, da CONTAG, bem como
a emergência da “Ação Popular” e de Movimentos de Educação de Base (MEB)
voltados para a cultura popular, com uma ideia de consciência Histórica e
educação transformadora. Por outro lado demonstra como as tendências
internacionais do comunismo influenciaram na dinâmica interna do Partido
Comunista no Brasil, e conseqüentemente na sua relação com as Ligas Camponesas,
com quem rompem relações, se voltando mais para os trabalhos de legalização de
sindicatos rurais, sobrepondo, em 1961, inclusive o trabalho de sindicalização
realizado pela igreja (KOURY, 2012).
Seguindo a perspectiva
relacional e processual elisiana, o autor demonstra as relações de disputa
existentes em vários níveis, durante o governo Arraes, apontando as formas de
atuação do partido comunista e o acirramento de sua disputa com o sindicalismo
católico, e expõe também o acirramento da violência de fazendeiros e
empresários contra as ações coletivas promovidas pelos trabalhadores rurais.
Koury (2012) percebe que tais disputas eram acompanhadas de determinados
discursos e de uma estrutura material e ideológica caracterizada em grandes
blocos compostos de parlamentares, empresários, exército e organizações norte
americanas, e por outro lado, de uma estrutura “artesanal” construída por
Miguel Arraes, e que esteve vinculada diretamente ao reconhecimento e
valorização das lutas camponesas. O autor finaliza o capítulo descrevendo
detalhadamente a situação de aumento da violência e das tensões nas áreas
canavieiras e urbana recifense, alguns meses antes do golpe militar. Expõe
assim as situações da ocupação do engenho Serra, a eclosão de movimentos
urbanos e greves dos trabalhadores das usinas de açúcar.
Na terceira parte do livro é
tratado da relação entre o movimento sindical e as práticas autoritárias do
governo militar, entre os anos de 1964 e 1968. Comentando sobre as deposições e
substituições do governador e prefeito de Pernambuco e Recife, o autor destaca
o clima de medo e violência, associado às prisões, perseguições,
desaparecimentos e mortes de líderes sindicais e líderes das Ligas Camponesas,
que passou a ser considerada ilegal. Quanto aos sindicatos rurais, Koury (2012)
explica a maneira como passaram a ser controlados e influenciados pelos
governos militares, perdendo assim a questão da mobilização política e
econômica em detrimento de práticas assistencialistas e bitoladas no
enaltecimento do trabalho. O autor descreve a violência patronal e as ações do
estado autoritário, no sentido de controlar as ações sindicais e reelaborar a
história sindical, gerando assim uma espécie de momento ou intermezzo, no qual os movimentos sociais do campo
refluíram. Em relação ao controle das greves, o autor afirma que “a lei de
greve criada após o golpe, como se pode ver, elaborava um verdadeiro labirinto
com o objetivo de inibir os esforços de organização em qualquer categoria de
trabalhadores à greve...” (KOURY,p.257,2012).
Se antes, alguns setores da
igreja católica buscavam amenizar os ânimos e conflito, reforçando a ordem
vigente do Estado autoritário, a política de modernização capitalista aplicada
em Pernambuco gerou um estado de calamidade social do trabalhador rural, quase
sempre alvo de violências, atrasos de salários e desemprego. O não cumprimento
de algumas reformas sociais, pelos governos federal e estadual, ocasionou o
descontentamento de alguns setores da igreja. Se com o governo de Miguel Arraes
o patronato açucareiro diminuiu suas ações frente à organização sindical, com o
governo autoritário tal patronato não só aumentou o nível de violência contra
os trabalhadores, de forma geral, como também foram aparados por empréstimos à
fundo perdido oriundos do governo federal. Grosso modo, discorre sobre as
greves, as estratégias burocráticas utilizadas pelo estado autoritário para
amarrar e gerar uma atuação sindical pelega. No âmbito político demonstra a
forma como os governos, federal e estadual, obscureceram a ideia de reforma
agrária, confundindo ela com a de colonização e privilegiando a questão da
previdência social no campo.
Diante do antigo antagonismo
“sociedade-indivíduo” o livro “Práticas Instituintes e experiências
autoritárias: O sindicalismo rural na Zona da Mata de Pernambuco, 1950-1974”
demonstra uma capacidade explicativa pautada no trânsito entre essas duas
variáveis e consequentemente na quebra desse antagonismo clássico. Para tanto
se vale de um forte diálogo com a História Social, demonstrando a importância
dela para os esquemas explicativos sociológicos, principalmente os de Max Weber
e Norbert Elias. Para os estudos sobre movimentos sociais, isso significou uma
abordagem focalizada nas condições de emergência e funcionamento dos referidos
agrupamentos.
Resultado de uma pesquisa
doutoral, “Práticas Instituintes e experiências autoritárias: O sindicalismo
rural na Zona da Mata de Pernambuco, 1950-1974” demonstra também, uma
etnografia de base histórica que elenca a relação entre sindicalismo e
movimentos sociais do campo e o Estado autoritário de 1964, ou seja, explica às
alianças, disputas e estratégias acionadas pelos sindicatos, igreja, Estado -
nas relações sociais que marcaram aquele contexto histórico. Dessa forma
demonstra toda a complexidade de fatores necessários para a compreensão do
processo sócio-histórico problematizado e discorrido ao longo do livro.
*Resenha publicada na Revista
Brasileira de Sociologia da Emoção(RBSE) v.12, n. 34, pp. 317-423, Abril de 2013.
ISSN
1676-8965 disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/JesusRes.pdf
sábado, 1 de março de 2014
Movimentos Sociais na República Velha
Mais videos em:
https://www.youtube.com/user/sitedescomplica?feature=watch
AQUARELA PERIFÉRICA: Grafite em São Luís-MA
Com 25 minutos de duração, o documentário Aquarela Periférica, de Nayra Albuquerque, demonstra a história da grafitagem em São Luís, trazendo atores e experiências de vida que macam a cena urbana de São Luís desde final da década de 1980 até os dias atuais.
Antropologia da Emoção e Estudos em Imagem
Disponível para download duas organizações provenientes do Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia da Emoção (GREM) e Grupo Interdisciplinar de Estudos em Imagem (GREI). Para mais informações sobre o grupo consultar os links abaixo:
Site do GREM ou GREM
Site do GREI
Movimentos Sociais - Dicas para o ENEN
Definição
Por mais que existam varias definições a respeito
dos movimentos sociais, a pesquisadora Eva Maria Lakatos percebe que existem características
comuns em todas as definições e conclui:
Sintetizando as
colocações de vários autores, podemos considerar os movimentos sociais como
tendo origem em uma parcela da sociedade global, com característica de maior ou
menor organização, certo grau de continuidade e derivando da insatisfação e/ou
das contradições existentes a determinado contexto histórico e sendo ou de
transformação ou de manutenção do status
quo. (p.342)
Características:
Possuem organização e liderança
Reivindicam causas coletivas
Só existem em relação a determinados oponentes (surgem
numa relação de conflito)
Possuem características semelhantes aos grupos sociais secundários
Quadro
comparativo: Movimentos sociais – Grupos Sociais
Características
diferentes: Um surge mais próximo da situação de conflito enquanto outro é mais
adequado ao sistema social.
Caso
|
Função
|
Situação de formação e desenvolvimento
|
Família
Grupo de estudantes
Grupo de empresários
Grupo de atletas
etc..
|
Integrar os indivíduos
a sociedade, transmissão de valores
|
Dentro da
sociedade estabelecida
|
Mov sociais
|
Reivindicar e dar
visibilidade para questões e problemas de minorias
|
Reivindicações e conflitos com os governos
industriais e outros setores da sociedade
|
Características
semelhantes: Ambos possuem organização, liderança propósito comuns
Relação
entre Movimentos Sociais e grupos sociais:
Movimentos sociais podem surgir a partir de
determinados grupos sociais.
EX: Movimento negro – grupo de pessoas negras, MST-
trabalhadores rurais.
Boias Frias (cortadores de cana de açúcar) MST
Quanto mais conseguem adesão e simpatia de
diferentes grupos, mais o movimento social tende a se fortalecer
Ex: Movimento
Diretas já e outros contra a ditadura militar congregaram e unificaram
diferentes grupos como: movimentos ligados a igreja católica, aos estudantes,
parlamentares etc...
Obs: a união de vários grupos podem formar coalizações: movimentos maiores
História dos Movimentos Sociais (Vídeo)
Ciência Política Hoje
De acordo com os autores, o “objetivo principal foi mostrar alguns dos atuais debates na área, oferecendo alternativas de temas de estudo ao leitor e apresentando a agenda de pesquisas que vem se constituindo na Ciência Política do Brasil”. Desse modo, em vez de organizar a coletânea por um temática, foi feita a opção pela pluralidade, abordando temas diversos como políticas públicas e internacionais, direitos humanos, cidadania, participação social, democracia, política e mídia, entre outros.
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