sábado, 23 de fevereiro de 2013

Debates do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia



Convidamos para participar das mesas de debate com o tema: Mapeamento Social e Conflitos Socioambientais na Amazônia que serão realizadas no dia 28.02.2013 no auditório Alexandre Borges/UFRR, nos horários descritos abaixo.Essa atividade é parte do Encontro Regional do PNCSA.

17:30h – Mesa 1 Expositores:

Dr. Alfredo Wagner Berno de Almeida – Coordenador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia - PNCSA/AM
Dr. Reinaldo Imbrózio Barbosa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia– INPA/RR
Sr. Simeão Messias – Coordenador Regional das TI’s Região Serra da Lua

 18:30h – Debate

 19:30h – Mesa 2 Expositores:

Prof. Dr. Philip Martin Fearnside – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA/AM

Profa. Dra. Rosa Elizabeth Acevedo Marin – Coordenadora do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia

Sr. Elias Nogueira da Gama – Secretário Geral da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Cujubim Beira Rio/ Caracaraí-RR





sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O site do NEPTE já está na disponível !


 Já está no ar o site do Núcleo de Estudos e pesquisas em teorias do Estado (NEPTE) da Universidade Estadual de Roraima.



Clique na imagem para acessar o site do grupo.




LANÇAMENTO REVISTA ILUMINURAS

LANÇAMENTO REVISTA ILUMINURAS
v. 13, n. 31 (2012): Etnografias com imagens: experiências de campo, da restituição e extroversão da pesquisa
http://seer.ufrgs.br/iluminuras/issue/view/1968


Editorial Apresentação Cornelia Eckert, eAna Luiza Carvalho da Rocha
Organização Cornelia Eckert, e Ana Luiza Carvalho da Rocha
Editoração Sabrina André Rosa


Artigos
A Construção de Imagens na Pesquisa de Campo em Antropologia
Sylvia Caiuby Novaes


Calles de la memoria: filmando los procesos performativos de la
memorialización
Carmen Guarini


A Fotografia e o Segredo
Emiliano Dantas, Renato Athias


Uma experiência etnofotográfica num presídio feminino
Micheline Ramos de Oliveira


Por um click: notas de uma pesquisa de campo sobre o emprego doméstico no
Recife
Virgínia Areias Pereira


Ética, Oralidade e Pesquisa Fotográfica
João Martinho Braga de Mendonça


Olhares Trançados: algumas questões sobre a utilização do vídeo em
projetos coletivos
Andréa Borghi Moreira Jacinto


Sonoridades Afro-Brasileiras em Corumbá: um estudo sobre representações
musicais em rituais de Umbanda
Carmem Silvia Moretzsohn Rocha


De fora adentro: uma experiência de pertencimento afetuoso, entorpecido,
aéreo e enraizado com o mundo
Maurício Camargo Panella


Lógicas imagéticas de uma sociedade interiorana: usos da fotografia e
narrativa visual no Brasil setentrional
Jesus Marmanillo


Um documentário revisitado: 555 Chocolatão
Marcos Freire de Andrade Neves


“Por un lugar en la ciudad”. El uso de imágenes en un conflicto
socioambiental
Agustina Girado


Resenhas
BARBOSA, Andréa. São Paulo, Cidade Azul. São Paulo: Alameda Casa
Editorial, 2012. 256 p. Kelen Pessuto


GONZATTO, Camila. Encontros e Dissonâncias. Porto Alegre: Okna Produções,
2012. 52’. Fabiela Bigossi, Luísa Maria Silva Dantas

ONGS e Neoliberalismo no Brasil Contemporâneo: Ideologias, Classes Sociais e dominação.

Por: Jesus Marmanillo


Qual a relação entre Organizações Não-governamentais (ONGS) e as Políticas neoliberais no Brasil?  O que se oculta sob a denominação de não governamental? Como se estruturam essas organizações? Quais suas propostas políticas?
Partindo dessas questões e de um foco de análise sobre a relação Estado-Classes sociais - de seus efeitos no processo de reestruturação do capital- a Cientista Social, Joana aparecida Coutinho problematiza o papel dessas organizações no Brasil contemporâneo e expõe o desenvolvimento dessas organizações sob aspectos históricos, discursivos, das relações de trabalho e de suas atuações junto ao Fórum Social Mundial.
Demonstrando a polissemia do termo ONG, inicia o primeiro capítulo demonstrando a flexibilidade ideológica do mesmo. Para problematizá-lo, realiza um breve histórico demonstrando algumas mutações durante a década de 1990. Explica que as “ONGS cresceram na medida em que os movimentos sociais perderam sua força mobilizadora e passaram a adotar uma política integradora através de parcerias com o poder público” (p.20)
Outra discussão travada no capitulo se refere à descentralização da idéia de luta de classe, que paulatinamente perde espaço para outras lutas como: contra a pobreza, pela inclusão social, cidadania etc. Nesse âmbito, estabelece uma relação entre a percepção fragmentada de reivindicação defendida pela teoria dos novos movimentos sociais e o contexto totalizador do sistema capitalista.
Para aprofundar esse aspecto, discorre sobre as ideologias pós-marxistas associadas às ONGS , a forma como se caracterizam no chamado Terceiro setor e como essas seguem a mesma lógica da atual reestruturação do capital. A autora demonstra que, de forma similar a uma empresa, essas organizações possuem um discurso que legitima as ações, possibilitando financiamentos, e que possuem uma lógica transnacional de divisão do trabalho ideologicamente orientada.
No segundo capítulo, é discutida a relação entre as ONGs e Estado, tomando como ponto de partida uma onda neoconservadora que implicou no estado mínimo na década de 1980 e conferiu às Organizações não Governamentais o status de parceiras- situação que adquiriu legitimidade institucional no plano diretor da reforma do aparelho do estado, elaborada por Bresser Pereira.
 Considerando o Estado neoliberal enquanto “Estado-empresario”, que sempre objetiva menor custo e maior eficiência, e uma perspectiva teórica que substitui a luta de classes pela luta por democratização dos espaços públicos, a autora explica a dificuldade desse estado burguês em encontrar a suposta representação do interesse geral, ocorrendo então os processos de publicização do privado e privatização do público. (BOBBIO, 1987)
Nesse âmbito, enfatiza que “as instituições políticas do Estado capitalista ocultam o seu caráter político de classe apresentando-o, ao contrário, como a encarnação da vontade do povo nação.” (p.54) Dessa forma emergem as condições propicias para o desenvolvimento do terceiro setor, cada vez mais burocratizado (WEBER) em seus quadros profissionais, mais apto a receber recursos estatais e livres de impostos, por conta de sua denominação (escorregadia) de não- governamental e de utilidade pública.
O terceiro capítulo, as ONGs de responsabilidade social e as Organizações não governamentais de desenvolvimento (ONGDs) são analisadas em relação ao trabalho precarizado, à geração de renda, às ideologias e justificativas que surgem com a crise do capitalismo em sua forma neoliberal.
Considerando o interesse de grandes empresas como a FORD, Rockfeller em preservar a America Latina dos ideais socialistas, Coutinho (2011) explica a relação entre as referidas organizações e as empresas, na promoção da responsabilidade social. Percebe que tal relação se desenvolve numa lógica de doação, captação de recursos, geração de lucros e uma serie de isenções de taxas e reduções de impostos.
No campo do trabalho, nota que houve uma apropriação do trabalho voluntário, associado ao sentimento de responsabilidade social, ou seja, se antes era uma prática de solidariedade com fins de educação popular e politização, passa a ser incorporada como mais uma forma de exploração, ausente de fiscalização e aplicação de direitos trabalhistas conquistados historicamente.  Tais aspectos associados ao trabalho são favorecidos pela forma como o estado neoliberal reestrutura o capital por meio de políticas públicas centralizadas, focalizadas e privatizadas, caracterizadas como tipos de programas de socorro a pobreza.
A autora demonstra que há uma lógica de reformismo que prepondera sobre a idéia de ruptura, mesmo nos casos da chamada Economia Solidaria- cujos projetos quase sempre sucumbem ou tornam-se empresas capitalistas. Sem ideal de rompimento, tais relações de trabalho fragilizam a capacidade de mobilização e desfocalizam o problema existente em uma estrutura de dominação bem mais ampla.
Grosso modo, no último capítulo, é analisada a participação das ONGS no Fórum Social Mundial. São considerados aspectos como, o trabalho fragmentado caracterizado nas varias mesas de discussões, o que dificulta a elaboração de uma proposta global; o perfil dos participantes, que no caso brasileiro não houve a presença dos excluídos, e o tipo de democracia relacionada e reivindicada nesse contexto- “uma democracia formal que combina certa igualdade civil coexistente com uma enorme desigualdade social, sem tocar nas relações econômicas entre a elite e a multidão trabalhadora” (p.127)
Com um rigoroso trabalho de problematização e utilização da teoria marxista, trabalhada em autores como James Petras, Louis Althusser, Ricardo Antunes e outros, Joana Aparecida Coutinho analisa as Organizações não-governamentais em relação aos processos de reestruturação do trabalho provinientes do neoliberalismo da década de 1990, e elenca uma serie de questões como: discursos políticos, dinâmicas de financiamento, formas de trabalho utilizado, histórico e outras questões ocultadas sob a denominação ONG.
Junto a tais questões, nota que a localização entre setores empresariais e o Estado confere a essas organizações uma função de diluição da luta de classes, funcionando assim como um colchão amortecedor das contradições sociais.  Nesse sentido, nos possibilita pensar o reformismo das ONGs enquanto um tipo de aparelho ideológico que ofusca os processos revolucionários existentes outrora.

Referência: COUTINHO, Joana A. ONGs e políticas neoliberais no Brasil. 1. ed. Florianópolis: Editora UFSC, 2011. p.148  ISBN 978-85-328-0571-3

Fonte: Revista Mediações